EMANUEL




Oi amigos! Demorei a postar, mas este cartoon também vem com texto. É mais uma reflexão do meu vizinho aqui do lado! Hehehe. Podem crer que eu também assino por baixo.



«“Sacrifício” é uma daquelas palavras com uma história longuíssima que é importante conhecer. No Antigo Testamento, os Sacrifícios eram uma das formas de prestar culto a Iahvéh, o Deus de Israel. Prestar culto não é “negociar” com a divindade nem dar-lhe a bajulação que essa divindade supostamente precisa para estar de bons humores para com os seus servidores…

Prestar culto significa FAZER UM MEMORIAL da acção salvadora de Deus no seio da história do Seu Povo. Prestar culto é louvar cheio de gratidão o Deus que, por Amor e Graça, realizou grandes coisas em favor do Seu povo. Ao fazer o Memorial da acção de Deus, o Povo reafirmava a sua Fé de que Deus não tinha deixado de poder nem querer realizar tudo isso em favor dos Seus.


Fazer Memorial significa unir todas as dimensões do tempo e da história numa experiência só. Aqui e agora recordamos o que Deus realizou em nosso favor, e asseguramo-nos de que Ele o realizará de novo, porque não deixou de nos amar nem deixou de ter poder para isso. O Memorial une as dimensões do passado e do futuro. Enche o tempo com a Presença de Deus.


O Sacrifício era uma das maneiras que o povo judeu tinha de realizar estes dias memoriais. A família juntava-se, ou mesmo um conjunto de famílias vizinhas, e dirigiam-se ao Templo de Jerusalém ou a algum santuário. Aí realizavam o Memorial da acção de Deus na história de Israel, através de salmos, orações e cânticos. Depois, como sinal de gratidão e homenagem, ofereciam ritualmente o que a Lei prescrevia: um animal, consoante as posses da família, ou as primeiras colheitas da terra, as primícias da nova colheita. Sobretudo no caso dos animais, depois desta parte ritual, em que o animal era imolado, a carne era depois dada à família que o tinha oferecido, de maneira a ser consumida numa refeição comum. É o que nós hoje chamamos “pic-nic”.


Comia-se uma refeição comum, cantava-se, dançava-se, repetiam-se tradições culturais e contavam-se histórias dos antepassados…
Um Sacrifício, na cultura bíblica, tem estas três partes bem concretas:

1/ reunião e caminho

2/ memorial e gratidão

3/ partilha e festa


Hoje em dia, a palavra “sacrifício” está associada a sofrimento… Nem conseguimos saber todas as voltas que se deram para que se chegasse aqui, nem interessa assim tanto. Importa compreender, isso sim, que muitas vezes se chamou e chama “sacrifício” à celebração da Eucaristia e à entrega de Jesus até ao fim, mas isso não significa que o sofrimento seja querido por Deus ou exigido para Lhe ser agradável.


Significa que em Jesus se realiza a plena presença de Deus com o Seu Povo, que era o que simbolizavam os dias de sacrifício na cultura judaica. Deus “descia” para fazer festa com o Seu Povo, para receber os seus dons e para renovar os Seus feitos grandiosos e a Sua Fidelidade! Quando o Novo Testamento fala de Jesus através desta linguagem do sacrifício não está a dizer que Deus lhe impôs o sofrimento como forma de realizar a Sua vontade, mas está a dizer que Jesus é o definitivo ponto-de-encontro de Deus com a Humanidade!


Esse é o Sacrifício de Cristo, o dom máximo de si mesmo pela proclamação da Proximidade do Reino de Deus, da Boa Notícia de que Deus tinha definitivamente “rasgado os céus e descido” para Se sentar à Mesa da Nova Aliança com o Seu Povo, constituído por gente de todas as tribos, raças e línguas. Jesus é o Princípio da Festa da Nova Aliança, é o Primeiro Fruto de uma Nova Humanidade, as Primícias de uma Nova Criação preparada para a Colheita pela acção do Espírito Santo…


Celebrar a Eucaristia é celebrar tudo isto, este Dom de uma Nova Criação inaugurada em Jesus e tornada definitiva na sua Páscoa para o Pai. Esta é a Hora de nos sentarmos à Mesa como Família reunida e comermos do banquete que nos é oferecido por Deus mesmo. O Sacrifício de Cristo é a sua Passagem para o Pai, o princípio da Festa, do canto, da dança, do louvor e da nova convivialidade do Reino.»


Rui Santiago


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